Para os economistas, os anos 80 no Brasil são considerados a "década perdida".
Paradoxalmente, as roupas procuraram expressar justamente o contrário: alegre, esportiva, versátil, divertida e ao mesmo tempo, sofisticada, sensual e ousada, reflexo, talvez, da abertura democrática.
A ambiguidade foi um traço marcante desta moda: estampas de oncinha, cores cítricas, ombros largos, pernas longas, cortes de cabelo assimétricos e acessórios "fake" conviviam com discretos tailleurs e com roupas de moletom e cotton-lycra recém-saídas das academias.O surgimento de novos tecidos, como o stretch, dava um ar futurista às roupas, mas, ao mesmo tempo, muitas de nós voltaram ao armário da vovó, promovendo a onda dos brechós.
Tudo é experimentação, inovação e transformação. Até na alta-costura, em que se destacaram Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, com suas criações arrojadas, tudo era meio barroco, exuberante e dramático.O outro lado da moeda foram os estilistas japoneses - Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo - com roupas de uma simplicidade lírica e desconcertante perto de tanto exagero.Já o estilista italiano Giorgio Armani, que em 1981 lançou a sua grife Emporio Armani, garantiu com seus cortes sóbrios e impecáveis a elegância de homens e mulheres de negócios nos anos vindouros.No universo musical, uma infinidade de bandas surgiram na década, com as mais diversas tendências: new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris.
Ao contrário das passarelas, o tom da música pop era mais melancólico, representado por bandas como Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure, entre outras.A música, assim como o cinema, foi um importante meio para a difusão das modas, especialmente pela transmissão dos videoclipes, unindo o som à imagem. Filmes como "Blade Runner" (1982) reafirmaram e divulgaram algumas das tendências mais fortes da moda, servindo também de trampolim para astros da música, como Madonna em "Procura-se Susan Desesperadamente" (1985).
A afirmação da idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos 80, quando o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à própria cabeça. A partir de então, quando alguém nos perguntava a respeito de moda, o que começamos a responder foi: "sou eu que faço a minha moda".Este conceito está presente até hoje, na costumização-mania, na mistura de estilos e até na própria negação da moda enquanto norma, presente em movimentos como o "grunge", no início dos anos 90.A releitura de antigos clichês, a exploração das ambiguidades, a reflexão sobre conceitos como bom gosto e mau gosto, assim como a mistura de tendências a partir dos anos 80, provaram que todos os limites são relativos e que a moda não é mais que a projeção de nossos sonhos, idéias e aspirações, e que, afinal, tudo é mesmo possível no mundo da criação.Não resistimos e fizemos uma lista de algumas coisas ótimas e outras nem tanto que são a cara dos 80. Esperamos que os que viveram a "década perdida" e também os que nunca compraram um vinil na vida se divirtam conosco. Boas recordações!!!
QUEM NÃO SE LEMBRA?
-Calça baggy e semi-baggy-Sandália de plástico (Melissinhas em geral)-Ombreiras (tinha até sutiã de ombreira)-Manga morcego-Saia balonê-Legging-Batom 24 horas (não saía da boca nem com sabão) -Scarpin-Cores ácidas-Mochilas e carteiras emborrachadas-Tule no cabelo-Faixas na testa-Gola canoa-Gel "New Wave"-Polainas-Walkman Sony amarelo-Atari-Pastilhas Supra-Sumo-Balas Soft-Cubo Mágico-Mobilete-Lolo (atual Milkybar)-Cabelos assimétricos-Rock in Rio
-Relógio Champion (aquele que trocava as pulseiras)-Tênis iate (tinha um da OP quadriculado que era uma febre)-Tênis All Star (de todas as cores imagináveis)-Falcon-Susi-Genius-Caloi Ceci e Caloi 10-kichute-Acquaplay-Geleka-Hello Kitty-Coleção Moranguinho-Fofoletes -Franja repicada-Luminárias de neon-"Feliz Ano Velho" (o livro)-"Blade Runner"-"Top Gun - Ases Indomáveis"-"Procura-se Susan -Desesperadamente"-"E.T."-"9 1/2 Semanas de Amor"-"Armação Ilimitada"-"Miami Vice"-Chacrinha-"De Volta Para o Futuro"
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